Você já parou para nomear seus sentimentos e afetos? Na psicanálise, entendemos que os afetos são como mensagens do inconsciente, pequenos fragmentos que revelam o que está por trás de nossas ações, pensamentos e escolhas. Cada experiência emocional desempenha um papel fundamental na formação do nosso psiquismo. Alegria, tristeza, medo, raiva — todas essas emoções são como peças de um mosaico que formam nossa subjetividade. Elas nos ajudam a construir a narrativa do que somos e, ao mesmo tempo, sinalizam aquilo que tentamos evitar ou reprimir.
Nomear e reconhecer nossos afetos é um gesto de profunda coragem e abertura. É um convite para mergulhar nos "não ditos", nas entrelinhas de nossa própria história. Sigmund Freud nos ensinou que aquilo que não é simbolizado, aquilo que não encontra representação na palavra, tende a retornar sob a forma de sintomas. É como se o inconsciente, em sua sabedoria insistente, buscasse sempre um caminho para trazer à superfície o que foi silenciado ou reprimido. Esse retorno pode se manifestar como angústia, ansiedade, dores no corpo ou mesmo como comportamentos que nos parecem desconectados de nossa vontade consciente.
Ao nomear nossos afetos, oferecemos a eles um lugar. Transformamos o que era difuso, confuso ou doloroso em algo que pode ser compreendido e elaborado. Esse processo é o que a psicanálise chama de "simbolização", e ele é essencial para o nosso bem-estar psíquico. Cada emoção nomeada é uma porta aberta para uma exploração mais profunda do nosso mundo interior, onde os desejos ocultos e os medos mais íntimos habitam. É como trazer luz para um quarto escuro: ainda há sombras, mas elas podem ser vistas e, eventualmente, compreendidas.
Portanto, ao nomear e reconhecer nossos afetos, não apenas os transformamos, mas também nos transformamos. Criamos um espaço interno mais acolhedor, onde é possível conviver com nossas luzes e sombras. E, nesse processo, descobrimos que aquilo que parecia pesado ou assustador pode, na verdade, se tornar uma fonte de crescimento, autoconhecimento e, acima de tudo, humanidade. Afinal, os afetos são os mapas que nos guiam em direção a nós mesmos. Que tal começar a nomeá-los hoje?
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